No escuro talvez eu me sentisse sozinha, em pedaços, onde ninguem e nada poderia mudar, nada poderia fazer o calor do corpo voltar novamente, a mente se encabula sozinha, a dor se transforma em duvidas, a cabeça gira e tudo perde o sentido. Eu posso olhar pro lado, onde verei pessoas rindo, onde verei conversas e risadas que poderiam fazer tudo desaparecer, só que ao mesmo tempo, meu mundo se fecha, as nuvens soltam trovoadas e eu desejo estar bem longe, onde ninguem pode me achar, afim de sentir o medo toma conta do céu e a chuva derramar sobre mim tudo o que eu mesma sinto. As vezes eu quero estar tão longe de uma sociedade e ao mesmo tempo fazer parte dela sem medo de errar. Eu posso ter sonhos e ao mesmo tempo fazer parte deles, e nada irá mudar. Eu posso querer que uma mão agarre a minha com força, puxando meu corpo contra outro, fazendo com que a minha cabeça gire em confusão e ao mesmo tempo posso querer andar para longe de todo mundo, sentar em algum canto onde a solidão faça parte, e ouvir estórias que não entram. Em certos momentos, eu posso querer ter motivos para rir, para sorrir sozinha quando não tenho nada para fazer, só que ao mesmo tempo, o toque de alguma música por perto, me arrepia o corpo e faz com que os pensamentos que estavam distantes voltem com tanta força que os olhos se encham de lágrimas de impulso.

       No momento, o frio rodeia meu corpo, fazendo-o ficar arrepiado, os olhos se sentem pesados, procuram motivos para serem fechados e o coração continua em disparada, sem um porquê, e o dia termina aos poucos, nada foi feito e nada acabou, e eu continuo sem entender porque as coisas simplismente acontecem e porque os sonhos nos deixam tão atormentados, porque eles mudam tanto minha noção de um pensamento certo. Eu poderia desejar nesse momento o abraço que fizesse meu corpo desmoronar sem sentido, eu poderia chorar sem achar o motivo ou simplismente achar uma imagem que me faça sentir segura, algo que faça com que eu tenha pressentimentos bons com os desejos que eu mesma faço. Talvez nem eu mesma entenda o que se passa na cabeça de uma pessoa que tudo precisa para se sentir feliz consigo mesma. Uma companhia ao meu lado, diante a um conhecimento que se faz desistir pelo silêncio em que junto caminha. O calor que deixou de me acompanhar somente para o frio me ensinar que o calor humano é aquele que eu preciso, o calor de uma pessoa em específico, onde eu sei que não poderei depender, porque a vida me ensinou que o eterno não existe, e que eu não posso simplismente ver que tudo é pra sempre, um eterno que se torna só meu. Eu poderia não ter braços em volta de mim quando o medo atacasse meu coração e o fizesse bater tão devagar quanto o ar que eu respiro com dificuldade, o corpo poderia tremer e se sentir muito mais leve que uma pena, e não teria nada que me apoiasse nesse momento, e mesmo que lá fora chuvesse, não teria nada que me protegesse para eu não me molhar.

       Talvez tudo o que me acompanhe seja o medo de acabar tão sozinha quando o momento em que agora eu me sinto, as coisas tão diferentes em que ocorrem na minha vida, passaram tão rapidamente que chego a me arrepiar de imaginar. Eu peço a mim mesma para ter coragem de seguir em frente, não ter medo de perder. Eu só preciso ser eu, só preciso saber dizer sem medo de machucar. Só preciso de você, de alguém.